segunda-feira, 28 de maio de 2012

O próximo artigo


Faz muito tempo que não escrevo no meu blog e estou realmente sentindo muita falta disso. Ocorre que o propósito do blog é converter em artigos tudo aquilo que escrevo no meu diário e quando chegou a hora de abordar o assunto sobre adoção eu travei... não me sentia pronta para falar abertamente sobre isso, não conseguia traduzir em palavras o turbilhão de coisas que sinto a respeito, o misto de frustração, medo, preconceito, expectativa, ansiedade e amor, um amor tão diferente que ainda não consigo explicar, porque é o amor pelo absoluto desconhecido, é um salto no escuro.
Quando se ama um filho biológico antes dele nascer, embora a criança ainda seja desconhecida, ela é fruto de nós mesmos, é parte de nós, tanto em sua aparência quanto em sua personalidade é muito provável que nos reconheçamos nesse pequeno ser e com isso teremos aquela sensação de continuidade da nossa existência inerente ao que chamamos de “descendência”.
No entanto, quando se ama um filho adotivo enquanto o espera, ama-se o absoluto desconhecido, não se sabe quando essa criança chegará, que idade exatamente terá, filho de quem será, em que condições foi gerada (certamente não nas melhores), que traços físicos terá, e, principalmente, qual será sua personalidade, que aspectos sofrerão alguma interferência hereditária, que traumas carregará consigo... enfim, como todo amor, esse também supera a razão, o entendimento, também cura e transforma, é o dedo de Deus capaz de reescrever nossas histórias, porém, esse amor exige um pouco mais de CORAGEM...
É esse meu salto que irei compartilhar no próximo artigo.

3 comentários:

  1. Jessi,
    Realmente, é esse o sentimento, medo, preconceito, expectativa, ansiedade e amor.
    Eu achei que estava preparada no dia que chorei ao ver um vídeo sobre adoção... na verdade uma propaganda de dia das mães que abordava os tipos de parto e por último a mãe esperando a criança no abrigo.
    Penso que, enquanto as mamães de barriga fazer US, nós fazemos atestados para o processo, enquanto elas imaginam o filho delas, nós sonhamos com o nosso... e a emoção do dia do nascimento deve ser a mesma de ir conhecer seu filho num abrigo. Estamos juntas, amiga. Mães de coração e de coragem.

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  2. Querida Jessi,
    Cheguei até seu blog pelas mãos de Deus, sem dúvida alguma. Eu estava lendo a liturgia, ouvindo padre Fábio de Melo e depois pesquisei uma oração para Nossa Senhora e te achei! É muito difícil conversar sobre este assunto...A cada final de ciclo sou arrebatada por uma imensa tristeza causada pela infertilidade, pela falta de recursos para investir nos tratamentos e pela dúvida se devo continuar tentando ou partir para a adoção. Acredito que para "virar a página" será preciso aceitar que não tenho mais chances, enfrentar o luto da infertilidade e partir para a adoção. Pensei até em procurar um psicólogo para me ajudar a enfrentar esta situação. Confio toda minha fé e esperança em Deus Pai Todo Poderoso e acredito na intercessão de Nossa Senhora, mesmo nos momentos de sofrimento e provação... Obrigada por sua atenção! Fique com Deus.

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    1. Oi querida,
      Nunca respondi os posts do meu blog, não sei exatamente por qual razão, talvez porque, na época, eu não desejasse que ele viesse a se tornar um fórum de discussões, mas hoje penso que, se essa for a vontade de Deus, que assim seja.
      Seu comentário tocou profundamente meu coração e eu quis muito respondê-la, porém, eu estava passando por uma fase muito delicada e não estava em condições de dizer nada, eu estava vivendo o meu “luto da infertilidade”, como você mencionou.
      Sei que o luto se vence um dia por vez, a dor nunca some, mas aos poucos se acomoda num cantinho e silencia. Eu vivo isso, desde o fracasso do último tratamento que fiz, em 01/09/2011. Eu acordo e penso: “só por hoje não vou chorar pelos filhos que ainda não tive” e assim os dias vão passando e vou tentando encontrar sempre um motivo novo para sorrir, muitas vezes fracasso, mas sempre tento, e isso já vale.
      Sem esperança secamos por dentro e nos tornamos pessoas amargas, já que o que nos move é a fé em Deus, é a expectativa por algo melhor. Sei que num primeiro momento parece impossível, mas a cada pensamento negativo que rejeitamos uma luzinha se acende e, aos poucos, a esperança renasce das cinzas, como a fênix.
      Nunca vi o filho adotivo como um substituto do filho biológico, eu sempre desejei muito os dois. Estou há 5 anos e 6 meses esperando por um filho biológico e há 3 anos e 4 meses esperando por um filho do coração. Apesar de toda a dor que vivi, e ainda vivo, por ter esgotado todas as opções de tratamento, abandonei totalmente esse sonho nas mãos de Deus. Para a medicina não há esperanças, mas eu continuo acreditando em milagres, já que “o impossível é apenas uma das especialidades de Deus” (autor desconhecido).
      Espero que você receba esta mensagem, que já tenha alcançado seu milagre e nos dê seu testemunho e, caso ainda não tenha chegado sua hora, que você possa vir compartilhar conosco a sua “Gloriosa Espera”.
      Fique com Deus!
      Bjos

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