Minha última publicação foi em maio de
2012 e muita coisa aconteceu desde então, foi uma longa caminhada com vários
episódios que acredito sinceramente que valem a pena serem compartilhados. Como
já mencionei, o propósito do blog é converter em artigos o que escrevo no meu
diário, e pretendo fazê-lo, porém, sinto que não posso mais adiar o testemunho
do meu maior milagre, especialmente pela proximidade do Dia das Mães. Assim, como
cheguei até esse ponto e o que aconteceu após, serão temas de outros artigos.
Fazia 4 anos e meio que eu tentava engravidar
sem sucesso, foram inúmeras consultas, exames, cirurgias, ciclos acompanhados
de indução de ovulação, duas inseminações artificiais, com um prognóstico cada
vez mais pessimista e cada teste de gravidez negativo era um verdadeiro luto.
Foram incontáveis novenas, cercos de
Jericó, retiros, grupos de oração e missas, muitas vezes diárias, mas, apesar
da minha fé permanecer firme, o desgaste físico, emocional e financeiro (motivo
pelo qual eu trabalhava em dois empregos há anos) cobrou seu preço e em agosto
de 2012 eu adoeci, um quadro grave de síndrome do pânico que me obrigou a me
afastar do trabalho e me debilitou a tal ponto que por muito tempo duvidei que
fosse possível eu voltar a dominar as mesmas habilidades de antes.
Em novembro de 2013, após um ano e três
meses de tratamentos, meu estado de saúde ainda era bastante delicado e eu me
sentia presa numa realidade paralela vendo a vida passar num borrão. Foi nesse
contexto que o momento mais mágico da minha vida aconteceu!!!
Dia 25/11/2013 recebi a tão esperada
ligação com a notícia de que um bebezinho de 6 meses nos aguardava para adoção.
Só de ouvir a palavra “bebezinho” já desatei em lágrimas porque são raríssimas
as adoções de bebês nessa idade, tanto que eu imaginava que seria uma criança
de mais de 3 anos.
Estávamos na fila há quase 4 anos e
pensávamos seriamente em desistir devido minha saúde, mas os desejos de Deus
são diferentes, enquanto nós pensávamos, Ele agia. O nome dele: GABRIEL, que
significa “o enviado de Deus”! Esse foi um dos sinais que Deus nos deu de que
devíamos aceitá-lo de coração aberto.
A conversa que tive com meu esposo nesse
dia ficará gravada para sempre em minhas mais lindas lembranças, pois tenho
certeza de que naquele momento me apaixonei ainda mais por ele que provou novamente
ser o homem com um coração lindo, cheio de amor e de fé que Deus destinou a
mim. Foi dele o “sim” que mudou nossa vida, afinal, eu não tinha condições de
garantir que ficaria bem, afinal, eu poderia melhorar repentinamente pela
realização desse sonho ou piorar devido as grandes mudanças que viriam com ele,
como também poderia continuar lutando e vencendo a doença dia após dia, como de
fato aconteceu.
Os medos eram enormes, as preocupações
infinitas, minha saúde precária, não tínhamos absolutamente nada preparado para
chegada dele, afinal, nossos 9 meses de gestação foram apenas dias, porém,
decidimos nos lançar nas mãos de Deus e de nossa mãe, Maria, ela melhor do que
ninguém entende o que eu estava sentindo.
No dia 27/11/2013 comparecemos à Vara da
Infância para uma entrevista (tremendo, suando frio e com o coração quase saindo
do peito). Foi o dia mais surreal de toda minha vida! A entrevista foi um
sucesso, demos entrada no processo de adoção e pedido de guarda provisória,
fomos conhecê-lo, sem que eu percebesse, a cuidadora o trouxe e ele se jogou nos
meus braços, nos apaixonamos imediatamente (ele era lindo e de cabelos
cacheados, como um anjo). Fizemos um pedido de autorização para viagem porque
no dia 27/11/2013 era aniversário do meu avô e eu sempre sonhei em presenteá-lo
com um bisneto, o juiz autorizou. Conclusão: Dia 28/11/2013 o Gabriel veio para
casa, dia 29/11/2013 fomos para o Paraná, onde comemoramos o aniversário do
biso com um chá de bebê e no dia 01/12/2013 conseguimos batizá-lo, por graça de
Deus, com a presença de toda nossa família derramada em emoção (os padrinhos
são nossos cunhados), um verdadeiro turbilhão de acontecimentos.
Nem sei descrever o que senti, além do
medo absurdo, claro, e da emoção imensurável de SER MÃE. Foram anos de muito
sofrimento, muita luta, mas, sobretudo, de muita fé, sentimento este que foi
amplamente recompensado pela abundante graça do Divino Pai Eterno e isso é tudo
que quero lembrar, porque sei que esse período em que caminhamos nesse deserto
fortaleceu nosso amor, nosso casamento e fez de mim e de meu esposo pessoas e
pais muito melhores para essa criança que é tão amada.
Por falar em AMOR, penso que se o
Gabriel tivesse sido gerado em meu ventre e nos conhecêssemos desde então não
haveria como amá-lo mais. O Senhor cuidou de cada detalhe e caprichou tanto que
minha experiência com a maternidade não poderia ser mais plena, por vezes chego
a esquecer de que não engravidei, até porque sua origem é ainda mais profunda:
meu coração.
Para você que por ventura está com o
coração entristecido por um sonho não realizado; para você que não consegue
conter aquela vozinha que diz “mais um ano se passou sem que aquilo que anseio
com toda minha alma aconteça”; para você que neste momento se encontra tentado
a pensar que Deus não ouve suas orações; para você que sente o que costumo
chamar de “medo do nunca”, que é aquela desilusão tão grande que chega a nos
impedir de pensar que esse sonho possa vir a se realizar no futuro com medo de
sofrer uma nova frustração; para você que sequer consegue sonhar e tão somente
tenta conviver com sua dor... para você eu quero dizer que por anos eu me senti
exatamente assim e agora estou aqui apreciando o sono do meu anjo Gabriel, do
meu “milagrinho” (como sempre o chamei), sentindo tamanha emoção que meu
coração transborda em lágrimas de alegria e gratidão; para você eu TESTEMUNHO
que Deus não só ouviu cada uma das minhas súplicas como superou as minhas
melhores expectativas; para você eu deixo essa mensagem de esperança e fé: SEJA
QUAL FOR O SEU MILAGRE, ACREDITE! PORQUE O IMPOSSÍVEL É APENAS UMA DAS
ESPECIALIDADES DE DEUS... GRAÇAS E LOUVORES AO DIVINO PAI ETERNO!!!
Esta foto representa minha gravidez e o
momento da minha “ida para maternidade” quando estávamos indo buscar nosso
bebê, a emoção estampada no meu sorriso e nos olhos repletos de lágrimas.