Estávamos (como ainda estamos) passando por momentos muito difíceis, enfrentávamos um problema financeiro terrível, tínhamos que honrar com o financiamento do nosso apartamento e os aportes anuais devidos à Construtora, além disso, inúmeras incertezas pairavam sobre o meu emprego.
Nós estávamos trabalhando exaustivamente, ainda assim, não fazíamos ideia de como conseguiríamos adimplir tais compromissos e era insuportável viver com essa espada apontada para nossas cabeças, não podíamos fazer planos e não tínhamos quaisquer perspectivas positivas para o futuro. Enfim, a insegurança e o medo que sentíamos eram tamanhos que quase nos sufocavam, mas em meio a tudo isso eu vivemos um exercício muito rico de fé.
No dia 22/04/2010 eu estava assistindo o programa do Padre Fábio de Melo e ele falava sobre a fuga de Moisés e os Israelitas do Egito (Ex 14, 1-31), nessa palestra o padre descreveu exatamente como eu me sentia e suas palavras, ungidas pelo Espírito Santo, tocaram profundamente meu coração, de tal sorte que tive a mais absoluta certeza de que, embora naquele momento eu não conseguisse enxergar nenhuma solução, eu deveria seguir lutando porque no momento certo Deus abriria o meu marzinho.
Realmente na minha vida as coisas nunca aconteceram na hora que eu queria e eram conquistadas com muito sacrifício, mas depois eu sempre acabava percebendo que tudo havia acontecido no tempo Deus, que revelava ter agido de tal forma por ser o melhor para mim. No entanto, ao enfrentar uma grande tribulação nossos sentimentos nos cegam e tendemos a nos esquecer de todas as provas de amor que Deus já nos deu.
Estas palavras renovaram minhas esperanças e minha fé na Providência Divina, por isso as compartilho com vocês e espero que gostem.
O Inimigo tem pés de barro
A mim é motivo de imensa alegria estar aqui. Há um ano atrás, meu grande amigo, pai, padre Léo, manifestava aqui que estava sem saúde, e um ano depois eu tenho a graça de depois dois meses de total parada, também por razões de saúde - anunciar por graça de Deus e pelo meu ministério.
Tenho aprendido a ser grato a Deus pelos detalhes. São nos detalhes que descobrimos o valor da obra de arte, por isso Deus nos ensina a olhar as miudezas da vida.
Eu sou muito menos padre quando não venho aqui. Eu sou muito menos homem quando não faço programa aqui, quando não recebemos sua carta. Esse território é santo, é de mártires. Vendo o martírio dessas meninas que ficam aqui passando a noite velando para que você tenha um encontro com Deus, isso é santo, sagrado. Antes de você chegar aqui, muita gente derramou “sangue”.
Quanto maior o número de defeitos que o ser humano tem, maior trabalho ele terá para correr atrás das virtudes. Deus não decepciona aquele que busca e espera por Ele.
Quero fazer um esclarecimento. Betesda significa lugar de derramamento, casa da graça. O contexto principal desse evangelho é o poder das águas. Tudo o que você traz para seu corpo é conduzido pelo movimento das águas. A vida vai seguindo o movimento das águas. É belíssima a passagem de quando Moisés é levado pelo movimento das águas e é encontrado pela filha do faraó. Para o povo sair da escravidão, precisou o mar se abrir.
Moisés, diante da impossibilidade de vencer as águas, se volta para Deus e diz: “Você nos retira do Egito, mas não temos como ultrapassar esse mar”. Diante do questionamento de Moisés, Deus diz apenas uma frase: “Diga ao povo que caminhe”. Deus não deu uma frase que garantisse o milagre, mas requereu a fé.
A expressão de Deus não é uma expressão que facilita a vida, mas que encoraja. “Vou fazer vestibular e alguém compra a prova para mim. Alguém facilitou para mim”. Deus não facilita, pois quem facilita corre o risco de infantilizar o facilitado e Deus não nos quer infantis na fé. Deus nos quer amadurecidos, prontos para dar o primeiro passo.
Na experiência do povo de Israel, diante de um povo que o quer matar, Deus não facilita para Moisés, mas requer sua fé. Se ficarmos parados, nós morremos. O povo queria uma reposta mágica, mas Deus dá uma ordem que encoraja, que faz crescer dentro deles a lembrança que aquele Deus que caminhou conosco não nos deixará na mão. Eu não sei como será, mas não desistimos do que esperamos. Fé é saber acreditar quando tudo está ao contrário. Homem de fé não é aquele que vê. É o que não vê e não desiste.
Parados pelo mar que os podia afogar e o um exército atrás que os poderia matar, aquele povo estava emparedado. Ser homem e mulher de fé é você viver uma única alternativa: eu não posso mais voltar.
Eu sou um homem cheio de defeitos, limites. Se retirar o que Jesus fez em mim, eu não sou nada. No momento em que não temos outra alternativa, é melhor acreditar na Palavra. Quando tudo indicava que a morte iria chegar, com os pés na água, seguindo a ordem do Senhor, o milagre aconteceu. Como nas bodas de Caná, para o milagre do vinho é necessária a água, porque teologicamente é necessário o dom de Deus e a nossa iniciativa. Não é possível viver a experiência da santidade sem movimentos das águas.
É como diz Santo Agostinho: “Deus só nos pede aquilo que Ele já nos deu. Tudo está em nós sob forma de dom”.
A experiência da fé nos movimenta para sermos o que a gente é. Você não tem outro destino, a não ser a santidade, da mesma forma que o povo de Israel não tinha a não ser a libertação. Ninguém emagrece fazendo novena. Ou a gente se disciplina ou não emagrece.
Quantas vezes a gente reclama, mas não coloca o pé nas águas. Durante 38 anos aquele homem viveu reclamando por não chegar à piscina, ficou paralisado, não se esforçou, dizendo que não conseguia.
Tudo que você ingere tem duas possibilidades: pode nutrir ou intoxicar. A água é o organismo vivo que faz com que tudo aquilo que você escolheu errado possa ser jogado fora. Deus está gritando uma palavra de profecia para você.
Vida cristã é muito mais que prazer. Experiência de Deus é você não mais saber quem é você, mas saber recordar quem é Jesus em você. Há tantos de nós intoxicados pela vida, pela palavra do outro. Quantas vezes você não fez a experiência de chegar a um lugar e adoecer.
A grande artimanha do diabo é minar nossa saúde espiritual, colocar desânimo na nossa vida de oração. Há pessoas que se amarguram por não ter dado conta a vida inteira, mas não fizeram sua parte no milagre.
Se nós tivéssemos a possibilidade de analisar nosso espírito hoje, ainda veríamos que permanecemos tão secos e paralisados nos nossos medos. Quer dá força ao inimigo? Tenha medo. O teu medo te faz entregar ao inimigo. Muitas vezes, o mar da vida nos torna vítimas. Quantas pessoas são vitimas das pessoas que estão ao lado. Coração que não faz a experiência de se mergulhar no Espírito Santo sempre será vítima do inimigo.
Eu não dou conta. Para essa frase não precisa de esforço, e cada vez que dizemos isso perdemos o movimento das águas e a chance de atravessar o mar. Tornamo-nos vítimas por que perdemos a chance de dizer: “eu não aceito”. Tenha a coragem de dizer: “Esse mar não mais irá me afogar”.
O que faz um homem ser de fé é a resposta que dá diante da insegurança - isso é cristianismo. Não é uma postura angelical, é uma forma de se tornar guerreiro, soldado. Coragem! Vitória é o que Deus quer celebrar na nossa vida por meio da fé.
Quando você tiver a coragem de colocar o pé na água, você já poderá sorrir porque seu inimigo tem os “pés de barro” e nas águas do Espírito Santo ele irá se afogar. A única forma de você vencer o inimigo é colocar os pés onde ele não pode estar. (grifo acrescido)
MELO, Fábio de. O Inimigo tem pés de barro. Disponível em: <http://wiki.cancaonova.com/index.php/O_Inimigo_tem_p%C3%A9s_de_barro> Acesso em: 06 de jun. 2011.