Um GPS para minha cegonha - Parte I

“Todas engravidam, menos eu!”

Nesses 3 anos em que vivo no universo das treinantes, vi muitas mulheres sofrerem muito quando alguém bem próxima a elas engravida, muitas revoltavam-se, inclusive contra Deus, fazendo alguns questionamentos muito comuns nesta fase: “todas engravidam, menos eu!”, “Deus esqueceu-se de mim?” etc. Eu mesma, que até enquanto eu contava, vi mais de 30 pessoas próximas a mim engravidarem, cheguei a pensar que minha cegonha havia perdido-se no caminho. 

O que me preocupa é que muitas dessas mulheres não suportaram a dor de acompanhar as familiares ou amigas vivendo o sonho do qual elas estavam sendo privadas naquele momento, e ACABAVAM AFASTANDO-SE.

Logo, sinto em meu coração que devo contar a experiência mais forte que tive nesse sentido, descrevendo todos os sentimentos que me ocorreram, muitos dos quais eu não me orgulho, a fim de demonstrar que essa pode ser uma experiência riquíssima, se enfrentada com AMOR e DOAÇÃO.

Quando a minha cunhada descobriu que estava grávida, em 2009, meu coração quase explodiu de tanta emoção, foi uma surpresa maravilhosa, até porque o meu cunhado tem o mesmo problema de infertilidade que o meu esposo, e me senti assistindo a um milagre.

No entanto, não posso negar que fiquei muito triste por mim, porque eu sempre sonhei em dar o primeiro neto para minha família, o que era natural, afinal, sou a filha mais velha, e quando meu irmão (7 anos mais novo) “engravidou”, em 2007, transferi toda essa expectativa para a família do meu esposo, da qual sou a nora mais velha, e nosso bebê seria o primeiro bisneto, o que eu achava muito especial. Além disso, a notícia da gravidez da minha cunhada veio justamente quando eu estava sofrendo muito por não poder ter o nosso bebê.

Não sou uma pessoa invejosa, fiquei muito feliz por ela e realmente eufórica com a novidade. Comecei de imediato a rezar por ela e pelo bebê, ainda mais porque logo no começo a gravidez dela apresentou risco de aborto. Minha sobrinha foi a motivação para eu iniciar o Cerco de Jericó e a Novena de Nossa Senhora do Bom Parto, que rezei diariamente por mais de um ano, e por meio disso alcancei muitas graças.

Mergulhei em várias pesquisas para poder contribuir de alguma forma com ela, fiz meu cadastro no Guia do Bebê e no Baby Center para acompanhar o desenvolvimento da gravidez dela semana a semana, fiz listas de nomes e de enxoval, fiz inúmeras pesquisas de preços etc.

Foi então que em um dado momento percebi que a minha sobrinha tocava meu coração de uma forma muito especial, eu me preocupava com ela como se fosse minha filha. Eu sentia que ela tinha uma missão muito grande em minha vida e eu na dela.

Eu percebi que as minhas pesquisas enchiam meu coração de alegria, iluminavam minha vida e faziam com que meus problemas ficassem pequenos diante de tantas coisas maravilhosas, eu ficava inebriada e, é claro, já se tratava de uma preparação para a chegada do nosso bebê, já que com o milagre da chegada da minha sobrinha meu coração encheu-se de esperanças.