domingo, 13 de março de 2011

Um GPS para minha cegonha - Parte II

Meus sentimentos mais controversos

Levei outro baque quando a minha cunhada descobriu que era uma menina, vivi mais uma vez aquele paradoxo de sentimentos, afinal, eu ainda alimentava o sonho de ter a primeira menina da família, já que sempre desejei ter uma “rosinha”. Não acredito que eu fosse sentir qualquer rejeição por um menininho, mas a preferência existia. Apesar disso, fiquei feliz pela minha cunhada, porque sei que ela também sonhava com uma menina.
Não sou uma pessoa infantil, sei que todos esses sonhos de dar o primeiro bebê para a família, a primeira menina etc., eram besteiras da minha cabeça, mas em parte somos fruto das experiências que tivemos e passei a infância toda percebendo a admiração especial que meu avô tinha pela primeira neta, a quem ele chamava de rainha, e pelo primeiro neto. Lembro-me também que a proximidade foi a maior razão para o meu irmão, mesmo não sendo o mais velho, torna-se o neto preferido.
Meus filhos certamente conviverão menos com a família devido à distância, o que de certa forma gera um afastamento. Então, é como se lá no fundo, um pensamento que eu não controlava me dissesse que meus filhos seriam preteridos por serem os netos do meio e ainda por cima por morarem longe, assim como, por anos, sentiram-se os filhos da minha tia.
Tem uma frase que gosto muito e que defini bem todo esse conflito interno: “Eu sou eu mais as minhas circunstâncias”. (José Ortega y Gasset)
No entanto, é claro que eu sabia que meus bebês conquistarão seu espaço no coração de todos e serão muito amados, independente de qualquer coisa. Assim como sei que Deus é quem deve escolher o sexo do nosso bebê, porque só Ele é capaz de enxergar muito além e saber de que forma o bebê desempenhará melhor sua missão em nossas vidas, e nós a nossa missão na vida dele. Porém, este é um texto de desabafos de tudo aquilo que fica bem no fundo do meu coração, pensamentos dos quais sei que não preciso me envergonhar, porque não são fruto de nenhuma maldade, mas sei que é preciso controlá-los para que não ganhem maiores proporções, assim, sempre que esses pensamentos surgiam eu os entregava nas mãos de Deus, pedindo que Ele me libertasse desses sentimentos tão pequenos.
Durante toda essa experiência, meu coração foi sendo curado de qualquer preferência de sexo, do sentimento de inferioridade, do medo da distância, da rejeição e da falta de amor. Afinal, enfrentei todas as minhas dúvidas, todos os meus sentimentos, mesmo aqueles que mais me causavam vergonha, todas as minhas contradições... desencavei tudo que estava há anos “escondido embaixo do tapete”, perdoando, pedindo perdão, pedindo cura para mim e todas minhas as gerações, e organizando isso tudo dentro do meu coração. Minha sobrinha tinha mesmo uma missão muito especial em minha vida!

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